domingo, 23 de janeiro de 2011

A amiga indesejada

Alguns dias são complicados, pesados, arrastados...

Hoje minha amiga antiga, a depressão resolver ser mais intensa, presente e ativa. Sei que chamá-la de amiga pode parecer dramático demais, mas quando se passa muito tempo convivendo com algo é melhor que isso vire um amigo, uma amiga. Gosto da frase se o mal é maior, junte-se a ele.

Sei que ela sempre irá me acompanhar, sempre estará de tocaia, na espreita, pronta a dar o bote quando eu começo a me desarmar em alguma situação. Não sei ao certo o motivo dela vir solando hoje mais do que o habitual, todos os dias me deparo com ela, todos os dias a vejo nos cantos, me observando, se fazendo presente... Eu procuro ignorar, uma tentativa infantil de ignorá-la, claro que o vazio sempre presente não me deixa esquecer, mas eu procuro desviar o foco, falar de outra coisa, rir de uma bobeira, me meter a ler filosofia ou história da arte, aprender uma técnica nova de fotografia... Mas sei que ela vai comigo onde quer que eu esteja, deixando tudo com um toque de cinza, sombrio...

Hoje ela resolver assumir o comando e me relembrar quem manda, mostrar do que ela é capaz, me jogar no vácuo e me lembrar dos meus maiores pavores. Apareceu do nada, em meio a uma conversa tranqüila com duas amigas, mas não sei ao certo por qual motivo, tudo desabou, desde as sensações físicas de mal estar aos pensamentos de acabar com tudo de uma vez, me trancar no quarto, nunca mais me relacionar com alguém, me afastar de tudo e todos, enfim, os pensamentos sombrios clássicos...

O pior é saber que isso nunca irá melhorar, que com o tempo tudo tende a piorar numa escala exponencial, onde o infinito seria o limite, ou minha sanidade seria o limite – não sei.

Fui ao centro espírita literalmente me arrastando, obrigada por mim mesma a criar vergonha na cara e não me entregar assim tão fácil, até a metade da palestra estava quase caindo de sono, fui melhorando e no final estava bem. Sai de lá quase eufórica, umas voltas de carro com os amigos, vento, um cigarro para relaxar...

Depois entramos em papos pessoais e algumas coisa que eu já sabia, mas que me machucam de uma forma extremamente intensa me puxaram de volta para o vácuo. Vim para a casa, com a sensação de vazio clássica, buscando alguma forma de arrancar essa angústia insuportável do peito, mas nada resolve. Tentei pegar o note, enquanto via TV e escrever, para ver se melhora, não esta funcionando, mas vou postar mesmo assim. Fica um grito no vazio, no silêncio, palavras ao vento, bits numa rede que corta o planeta, não sei a razão de fazer isso, mas dizem que falar faz bem, como eu sou covarde o suficiente para não falar isso para ninguém, eu escrevo aqui, para que ao menos depois que tudo isso passar – e sempre passa – eu possa ler e entender um pouco melhor como funcionam esses momentos, tentar arrumar formas de lidar melhor com tais situações, sofrer menos na próxima vez...

Então depressão amiga, essa noite eu vou dormir com você...

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