sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A descoberta da verdade...



“Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão, sem querer eles me deram as chaves que abrem essa prisão...”

Essa música do Engenheiros, me toca da mesma forma que a passagem Bíblica “Conheceis a verdade, e a verdade vos libertará”. Será mesmo? Será que a liberdade nos liberta? Acho que sim, mas acho que às vezes a ‘liberdade’ pode piorar tudo, mas agora já que “eles me deram as chaves que abrem essa prisão” e eu não tenho escolha de retornar resta-me processar e digerir essa verdade...

Então isso não acontece com todo mundo? Não é todo mundo que se sente assim? Não é normal essa sensação de que sua vida se resumiu em seção de tortura e espancamento emocional? Não são normais aquelas lembranças que teimam em aparecer e estragar tudo? Não são todos que sofrem calados numa noite escura? Que colocam música eletrônica para não pensar? Não é com todos a sensação de que a vida não faz sentido? De se questionar sobre qual a lógica de tudo? De ter tudo e mesmo assim permanecer em um vazio emocional que nada parece suprir? Então, para algumas pessoas a vida é simplesmente mais fácil? Algumas pessoas não são imersas no Vácuo com a mesma freqüência? Algumas pessoas nunca conheceram o Vácuo? Algumas pessoas simplesmente são felizes? Simples assim? Sem complicações? Sem dramas? Sem dor? Sem revolta? Sem rejeições? Elas simplesmente são felizes? Amadas? Alegres? Completas?

Penso...

Estou no meio de uma prova, os alunos concentrados resolvendo os exercícios, enquanto isso escrevo essas palavras, pensamento voa, ainda não consigo processar as informações, minha mente se perde em perguntas e mais perguntas, uma avalanche delas, olho para fora, dia cinza, nublado, sem sol...

Penso...

Mesmo ontem quando ouvi tudo isso, estava bêbada - mesmo depois de beber pouco, tudo girava, as palavras penetravam como luz, de olhos fechados, sentia o carro balançar, a ânsia em cada solavanco, o vento batendo na mão, enquanto uma grande amiga levava o carro e me falava: “Não, lógico que não, cada um é diferente, mas há pessoas que não são como a gente, que não tem essa coisa que nós temos, que não vivem em cacos, que não tiveram sua psiquê desestruturada.” Acho que era isso, estava bêbada e pensando demais para gravar termos técnicos, mas entendi a ‘moral da história’...

Penso...

Não sei se essas revelações serão boas ou ruins, mas acredito na frase: “Conheceis a verdade e a verdade vos libertará.” Acredito também – eu acho – que o acaso não existe, prefiro acreditar que tudo tem um motivo e depois de tempos sem ir a uma reunião Espírita, fui, estava cansadíssima, lutava com o sono durante a palestra, não me lembro direito qual era o tema mas lembro que naquela noite uma frase que já havia ouvido várias vezes, mas não sei por qual motivo, naquela noite ela me tocou, veio com cara nova, com uma roupagem reveladora que dizia: “Conheceis a verdade e a verdade vos libertará.” E agora tudo isso, talvez fosse para ser, talvez era alguém me preparando para absorver o que viria... Não sei...

Espero que a liberdade seja melhor, espero não ter desenvolvido a Síndrome de Estocolmo ou algo parecido, se o meu carcereiro for o desconhecimento, se ele for a sensação de “Ah mas é assim com todo mundo, eles só não falam nada” que me consolava, mas que também me lembrava o quanto eu era uma fraca pois as pessoas pareciam bem mais felizes, me lembro de pensar tantas e tantas vezes, de me auto-ofender: “Sua idiota, porque você é tão fraca? Porque você insiste em ficar filosofando? Porque você não é empolgada como os demais? Olha como eles são fortes! E você fica ai, deitada nesse quarto escuro, sua fraca, sua covarde!” Será que eu teria motivo para reclamar? (para mim mesma é claro, não estou afim de virar a ‘amiga depressiva’) Será que nem todo mundo sofre dessa forma mesmo? Se alguém estiver lendo isso, se perguntará: “Mas isso não é óbvio? As pessoas são diferentes, tiveram vidas diferentes, não é previsível que umas sofram e outras não?” O pior é que para mim era óbvia a parte do ser diferente e com história diferente, mas eu achava que o vazio, a sensação de que sempre falta algo, de que sempre haverá uma ponta de dor, a sensação de estar perdida, confusa, sem motivação, era algo da humanidade e que isso todos teriam, esses devaneios, essas indagações, essas buscas por verdades, por respostas...

Saber que algumas pessoas simplesmente são felizes... não sei... tudo tem um lado bom e um lado ruim:

Hipótese pessimista: A sensação de que a vida é mesmo diferente para cada um, que parece injusta, desleal, um desenfreado aleatório de fatos, perceber a dura realidade de que “na vida a gente tem que entender, que um nasce para sofrer enquanto o outro ri”, concluindo no final é claro, que eu fiquei com o “Lado Negro da Força”...

Hipótese otimista: Não irei mais precisar me sentir o ser mais fraco do Universo, o mais covarde e o mais reclamão! Poderei ter paciência comigo, tentar me compreender melhor, não achar que todo mundo passa pelas mesmas coisas que eu sou a única que reclama. Encarar talvez que sim eu me dei mal ou dei azar ou estou sendo castigada - o motivo pouco importa, não aliviaria os fatos, mas se eu partir do princípio que eu “perdi a largada” e que sempre terei que correr um pouco mais para chegar ao mesmo nível dos que “deram sorte”, isso talvez me conforte nas derrotas, talvez me conforte quando eu simplesmente sentir vontade de me trancar no quarto, deitar na cama e não ver ninguém, talvez me ajude a chorar, talvez me permita em algum momento deixar a garotinha chorar... Li em um livro, que às vezes, as nossas versões adultas sufocam a criança interior que habita-nos, dizia que muitas vezes nossa criança só está assustada, com medo, sozinha – que precisamos confortá-la, amá-la, abraçá-la... Talvez sabendo da verdade agora, eu deixe a garotinha aparecer...

Pelo tamanho das hipóteses, acho que vou pender mais para a otimista, eu sempre sou mais otimista que pessimista, isso me trouxe até aqui e com certeza me levará até o final da guerra...

“Conheceis a Verdade e a Verdade vos libertará!"

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